Datas: 2 a 12 de Julho | Das 10h00 às 13h00
Docente responsável: Zília Osório de Castro
Professoras: Cristina Duarte, Emília Ferreira, Isabel Henriques de Jesus, João Esteves, Manuela Tavares, Maria Emília Stone, Natividade Monteiro, Paulo Guinote, Regina Tavares da Silva, Teresa Pinto e Zília Osório de Castro.
Objectivos
O Curso desenvolveu-se em torno dos objectivos enunciados, iniciando-se com o enquadramento histórico e cultural da emergência e afirmação do Movimento Feminista da 1ª. vaga, em Portugal, nas primeiras décadas do século XX, com relevo para o associativismo feminino e a variedade dos feminismos expressos pelas principais protagonistas, através dos discursos e da acção registados nos periódicos, memórias, espólios particulares e outras fontes escritas e orais. A caracterização das permanências e mudanças que conviveram durante a I República justificará a abordagem do confronto de ideias, de valores e de comportamentos entre mulheres monárquicas e republicanas, não só em relação à emancipação feminina mas sobretudo face ao novo regime político.
A educação e o exercício de uma profissão foram os direitos mais reivindicados pelas feministas da primeira vaga e, nesse sentido, traçar-se-á uma panorâmica da evolução da presença feminina nos diversos planos da Educação em Portugal durante o século XX, desde a escolarização das alunas à docência nos vários níveis de ensino, estabelecendo sempre as necessárias comparações com a realidade europeia e internacional. Será também abordada a problemática do ensino misto e da coeducação no ensino público em Portugal, numa perspectiva histórica, questionando os efeitos, na realidade escolar de raparigas e rapazes, de reformas e/ou debates ocorridos ao longo dos sucessivos regimes políticos. Serão também apresentadas algumas das principais linhas teóricas actuais, na área da Sociologia da Educação, da Sociologia das Profissões e dos Estudos de Género, sobre a presença feminina no sistema educativo, a nível nacional e internacional.
No período que abrange os anos trinta aos anos sessenta, salientar-se-á que a política do Estado Novo ditou o fim da memória histórica dos feminismos da 1ª. vaga quando impôs o silêncio e limitou a intervenção das mulheres no espaço público mas também quando tentou instrumentalizá-las para aderirem a organizações femininas que não correspondiam aos seus anseios mas antes corporizavam a ideologia do regime. Coartadas na liberdade de acção para reivindicar mais direitos, optaram pela oposição política, na convicçao de que o fim da ditadura significasse o fim da submissão feminina.
Após um período de aparente adormecimento dos movimentos de mulheres, o fim dos anos sessenta/princípio dos anos setenta foram palco de profundas alterações na vida das mulheres com consequências imprevisíveis nos processos de organização social. Foi de um modo intenso e disruptivo que as mulheres saíram dos lugares que lhes tinham sido destinados e que uniram o corpo e a palavra à vontade de conquistarem um espaço e um tempo finalmente seus. A análise e interpretação dos múltiplos caminhos percorridos por essas e outras mulheres que nos anos oitenta e noventa se empenharam em conferir maior visibilidade às suas reivindicações através da criação de associações que procuram conciliar a investigação e teorização das questões de género com o activismo feminista, bem como as interrogações sobre os caminhos a percorrer pelos feminismos contemporâneos serão abordadas numa perspectiva nacional e internacional.
Seguindo a mesma linha temática, será traçado o quadro da evolução do percurso das questões da Igualdade de Género a nível do pensamento da comunidade internacional nas últimas décadas, em particular a partir de 1975, Ano Internacional da Mulher, e com relevo para o post 1995, data da IV Conferência Mundial sobre as Mulheres das Nações Unidas, que consubstancia uma viragem no encarar das questões das mulheres e da igualdade enquanto questões de direitos humanos. Ao mesmo tempo procurar-se-á identificar os aspectos especificamente europeus desta evolução, sua expressão nas grandes instituições europeias, Conselho da Europa e União Europeia, e reflexos na realidade portuguesa.
A moda como culto do corpo, reflexo de mudanças de mentalidade, símbolo de libertação e de conquistas mas também símbolo de escravidão das mulheres, será abordada na perspectiva de fenómeno social poderoso, sobretudo a partir dos loucos anos vinte.
Os caminhos percorridos pelas mulheres na literatura, na arte e na cultura, com destaque para a escrita nos jornais e revistas, para a pintura, escultura, teatro e outras actividades culturais, serão também explorados num alinhamento de perfis femininos incontornáveis para uma reinterpretação dos acontecimentos e consequente reescrita da História do Século XX em que a memória do género humano se reveja e da qual se julgue herdeiro universal
Programa
2/7/2012 – 10h-13h: Emergência e afirmação do movimento feminista da 1.ª vaga em Portugal – Viragem do século XIX – 1.ªs décadas do século XX – Natividade Monteiro
Enquadramento teórico dos feminismos portugueses – Zília Osório de Castro
3/7/2012 – 10h-13h: Portuguesas de Oitocentos – Percursos das feministas do início do século XX – Maria Emília Stone
Do associativismo pacifista e feminista ao associativismo patriótico e nacionalista – Natividade Monteiro
4/7/2012 – 10h-13h: Das feministas republicanas, maçónicas, sufragistas e livres-pensadoras à oposição ao Estado Novo (1906-1952) – João Esteves
5/7/2012 – 10h-13h: A oposição ao Estado Novo e os feminismos da 2.ª vaga – Manuela Tavares
A moda, fenómeno social: culto do corpo, símbolo de libertação e de escravidão – Cristina Duarte
6/7/2012 – 10h-13h: O ensino misto e a coeducação no ensino público em Portugal – Teresa Pinto
9/7/2012 – 10h-13h: Mulheres artistas portuguesas no século XX – Emília Ferreira
10/7/2012 – 10h-13h: Evolução da presença feminina na educação em Portugal perante a realidade europeia e internacional – Paulo Guinote
11/7/2012 – 10h-13h: Os feminismos dos anos 60 à 3.ª vaga – Isabel de Jesus
12/7/2012 – 10h-13h: A evolução das questões de género na comunidade internacional (1975-2010) – Regina Tavares da Silva